2 de jan. de 2010

Vozes Inocentes


"Que triste se ouve a chuva nos tetos de papelão/ Que triste vive minha gente em suas casas de papelão"/.

Dentro de uma casa simples mora Chava (Carlos Padila) um menino valente de onze anos que agora se torna o homem da casa após seu pai abandonar a família e ir tentar a vida no Eua. Junto com sua mãe Kella a talentosa atriz (Leonor Varela) e seus dois irmãos eles enfrentam juntos dias difíceis isso porque dentro do seu país se extende uma guerra civil cada vez mais complicada e sangrenta.

El Salvador (país da esquecida América Central) entre 1980 à 1992 trava-se uma guerra civil infernal marcando o momento mais crítico de sua história. Em plena guerra fria, com a revolução cubana de Fidel Castro e a guerrilha de esquerda nos outros países da América Central empurraram o exército salvadorenho firmemente para a direita. A miséria no campo facilitou o surgimento de vários movimentos guerrilheiros de esquerda. Medidas repressivas e violação dos direitos humanos pelo exército durante os anos 70 e 80 foram documentadas por várias agências internacionais e o número de refugiados acarretou um grande problema para a econômia. A guerra civil se inicia com uma simples luta pela reforma agrária. Com medo do grupo guerrilheiro de extrema esquerda FMLN (Frente Farabundo Marti de Liberación Nacional) [um dos mais importantes movimentos guerrilheiros da América Latina] que dominava diversas áreas do país o Eua se interfere na política Externa fornecendo dinheiro e treinamento para o governo e militares.


O filme não apoia nenhum lado especificamente, é nessa questão política que o filme deixa a desejar: porém tende a apoiar a interferência americana no local da guerra, há quem conteste essa opinião, infelizmente não se tem base suficiente para escolher um dos lados. Ao contrário de Oliver Stone com "Salvador" que relata o conflito duma forma simpática à causa da esquerda revolucionária camponesa.
Por causa da guerra as forças armadas do governo recrutam garotos de 12 anos, retirando-os das salas de aula. Chava ainda tem um ano até ser também recrutado, sendo que neste período precisa conseguir um emprego para ajudar sua mãe a pagar as contas e também escapar da violência diária causada pela guerra civil.

Porém o filme passa muito bem o sentimento da população no meio da guerra, e é isso mesmo que o diretor tem a intenção de passar para o expectador, se colocar na pele do pequena e expressivo Chava. A atuação do menino é impecável, a história é baseada na vida real do roteirista Oscar Torres, que teve sua infância interrompida como a de tantas outras crianças isso porque a inocência desses meninos foram corrompidas, seus espíritos estão cheios de cicatrizes. A música triste "Casa de Cartón" se encaixa corretamente no enredo da trama; a qualidade da imagem também é excepcional, é um filme cativante e orgulhoso para o cinema latino americano

*Ficha técnica e nota do filme:
Título: Voces Inocentes
Título: Vozes inocentes
Origem:
México
Gênero:
Drama
Diretor: Luis Mandoki
Produção: Lawrence Bender, Luis Mandoki e Alejandro Soberón Kuri
Roteiro: Luis Mandoki e Oscar Orlando Torres, baseado em estória de Oscar Orlando Torres
Elenco: Leonor Varela (Kella); Daniel Giménez Cacho (Padre); Ofelia Medina (Mama Toya); Gustavo Muñoz (Ancha); Carlos Padilla (Chava); Ignacio Retes (Don Chico); José Maria Yazpik (Tio Beto); Jesús Ochoa (Motorista de ônibus)
Fotografia: Juan Ruiz Anchía
Música: Casas de cartón
Duração: 120 minutos

Ano de lançamento:
2004
Áudio: Dolby Digital 5.1 (Espanhol)

Festivais/premiações:

4 comentários:

  1. Acredite, não ouvi falar sobre este filme, mas sua resenha me apeteceu. vou baixa-lo, agora! abs

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  2. Hum...o filme parece interessante.

    Passando pra agradecer a visita e dizer que fique sempre à vontade.

    Beijos!

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  3. Anônimo1/10/2010

    Não tinha ouvido falar! - Pelo que pude perceber é um filme bastante intenso!

    Bjs!

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  4. Anônimo2/25/2010

    querido, fiquei curiosa por ver esse filme agora.

    Assisti a um ontem tao bestinha, mas com uma historia final interressante:
    - "Não devemos matar os sonhos dos outros, para que nao morram os nossos"

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